‘Halloween Ends’ oferece pior experiência da nova trilogia
Confuso e cansativo
Lançado em 2018 como continuação direta do clássico “Halloween — Noite do Terror”, ‘Halloween’ conseguiu fazer o que poucas continuações de clássicos do gênero conseguem: revitalizar a franquia, agradando mutuamente crítica e público. A volta de Michael Myers e de Laurie Strode para resolverem de vez sua mal acabada história fez daquele o melhor filme da franquia desde o original e como rendeu dinheiro aos estúdios, previsivelmente, encomendaram continuações.
A sequência, “Halloween Kills”, desmanchava boa parte do encanto conseguido com o primeiro filme, mas ainda assim divertia por apresentar um Michael Myers impiedoso e violento como não se via há tempos.
Chegamos em 2022 e a queda livre de qualidade da nova trilogia chega ao seu ápice em ‘Halloween Ends’. Laurie Strode finalmente decide se libertar e abraçar a vida, superando os traumas do passado, mas sua vida se cruza com Corey Cunningham, um jovem que matou um garoto de forma não proposital.
‘Halloween Ends’ funcionaria melhor se tivesse outro nome e não fosse ligado às suas prequelas. A jornada de Corey até o enlouquecimento e a suscitação de questões sobre o nascimento do mal cansa por perder o sentido em um encontro sem sentido entre o jovem e um envelhecido e ferido Mike Myers dentro de um esgoto. A narrativa perde total sentido e nem parece que foi o mesmo roteirista que escreveu os três filmes.
Difícil imaginar que o assassino protagonista de uma franquia de mais de 30 anos de história tenha passado quatro anos escondido em um esgoto e quando aparece, é para ser coadjuvante do próprio filme.
Há um decréscimo considerável na qualidade da participação de Allyson (Andi Matichak), neta de Laurie Strode. A garota poderia ter sido usada como uma espécie de herdeira da maldição da família, mas é representada como uma aborrecente que se apaixona por alguém que claramente é um psicopata em potencial.
Jamie Lee Curtis entrega sua personagem com a competência de sempre, mas a evolução de sua vida pessoal é retratada superficialmente com um flerte no supermercado, sendo todas as outras camadas relegadas a uma avó que tem que lidar com uma neta chata.
Como filme de terror, “Halloween Ends” não oferece tensão suficiente para nos fazer grudar na cadeira e nem sustos para nos fazer pular. O final anticlimático combina com o tom do resto do filme.
Aquiles Marchel Argolo